quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Uma surpresa em quatro patas chilenas


Fernando Torres

Estávamos – minhã mãe, padrasto, Gabi e eu – caminhando pela calçada às margens da Baía da Última Esperança, em Puerto Natales, Chile. O relógio já marcava dez da noite, mas o novembro de primavera patagônica oferece dias longos, com luz das 5h às 23h.

Aproveitamos para admirar as montanhas nevadas no horizonte e a pescaria das aves na água gelada e agitada pelo vento forte. Assim que passamos por um canteiro da obras, onde está sendo construído um novo espaço de convivência para turistas e moradores, fomos seguidos por um cachorro.

Nós não assoviamos ou fizemos qualquer gesto de proximidade, mas o companheiro amarelo e peludo nos seguiu e se aproximou. Quando parávamos, ele ficava encostado em nossa pernas, doando ternura em troca de atenção.


Fizemos carinho e percebemos que o sentimento de afeto era recíproco. Bastou estender a mão para uma grata surpresa. Ele devolveu o gesto. Caminhou conosco por mais alguns metros, posou para fotos e nos brindou com outros sinceros apertos de mão. Até que outras pessoas passaram e nosso cão partiu para ganhar novos amigos.

Inesquecível!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Vende-se a Libertadores! E não é uma metáfora!!!

Fernando Torres

Quanto vale o título mais desejado da história de um clube? A Copa Libertadores da América conquistada pelo Corinthians, em 2012, está à venda. Quem comprar não será considerado um campeão continental, mas poderá colocar no peito o símbolo da vitória histórica do Timão. Três medalhas ditas autênticas estão sendo oferecidas no Mercado Livre, tradicional site de negociações de objetos novos e usados. Segundo os vendedores, uma foi entregue a um jogador corintiano e as outras duas a membros da comissão técnica. Os preços? Bagatelas... R$ 8 mil, R$ 15 mil e R$ 60 mil.


No anúncio da medalha que custa R$ 8 mil, um torcedor questiona a origem da peça: “Qual jogador recebeu essa medalha???”. O vendedor rebate: “Identidade mantida em sigilo, por motivos pessoais”. Pensando bem, você revelaria o seu nome, se fosse atleta do Todo Poderoso e colocasse a medalha “no prego”?


Já a segunda oferta tenta seduzir algum louco do bando logo na descrição do produto: “Medalha ORIGINAL que consagrou os Jogadores e Equipe Técnica do TIMÃO em 2012, abrindo o caminho para a vitória do MUNDIAL. Oriunda de um dos membros da Equipe Técnica, cuja identidade é mantida em sigilo por motivos pessoais”. Gostou? R$ 15 mil... Uma pessoa tenta pechinchar: “1500 avista, aceita?” O vendedor apela para o lado sentimental para justificar o preço: “Grato amigo, é mto pouco pelo que esta medalha representa. Foram cunhadas apenas 50 unidades”.

A negociação por essa medalha continua e, sem querer, as partes revelam um o nome do outro. Interessado, o torcedor pergunta: “André conheço um cara da Conmebol que chama-se Dário, posso levar ele para ver a originalidade da medalha?” Na sequência, André, o anunciante, explica: “Sim Muriel, sinta-se a vontade em fazê-lo”.


Se foi difícil para o Corinthians faturar a Liberta de forma invicta, pode ser ainda mais para um apaixonado pelo time de Parque São Jorge levar pra casa as faces douradas da glória. De um lado, o troféu em alto relevo e a inscrição “Copa Santander Libertadores de América - Al Campeón 2012”. Do outro, o escudo da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Qual a maior barreira: superar adversários com Vasco, Santos e Boca Juniors ou arrematar a lembrancinha por R$ 60 mil? É tão alto que chega a confundir: “Oi amigo não seria 6.000,00?”, questiona um surpreso. “Bom dia amigo, não o valor esta correto , pois a medalha é de um jogador e não da comissão técnica”.


Acredite se quiser, pague se puder...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Melhores Shoppings de Miami, Fort Lauderdale e Orlando

Estava eu na fila para entrar na Embaixada dos Estados Unidos, no Centro do Rio de Janeiro. Pouco antes da entrevista para o visto, vem um jovem e me entrega este cartão de visitas...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Uma História que Roma ignora


Fernando Torres (Jornalista)

Viver a Cidade Eterna é um privilégio difícil de descrever. Durante uma semana, entre o fim de 2012 e início de 2013, estive em Roma – e, rapidamente, na cidade de Florença – para experiências incríveis. Do Coliseu ao Vaticano, com direito à Missa de Ano Novo celebrada pelo papa Bento XVI na Basílica de São Pedro, a capital italiana reserva um clima romântico, intimista e, por mais contraditório que possa parecer, cosmopolita.


Roma é preparada. Não encontrei ninguém que não falasse, no mínimo, inglês. Guias, turísticos e de turismo, mapas e souvenirs temperam ainda mais as visitas. Mas, no meio de tantos motivos para elogios, espaço para o ruim. Uma região repleta de História, clima único e cheia de atrativos é ignorada pelo turismo romano. Não há guichê, centro de atendimento ou gladiador fantasiado que o leve ao Foro Italiano.



Complexo arquitetônico construído entre 1928 e 1938, o local foi inaugurado como Foro Mussolini. Inspirado na parte mais antiga da cidade, erguida na época do Império Romano, esse conjunto de prédios e equipamentos esportivos é o maior símbolo fascista de Roma. Foi projetado por Enrico Del Debbio e Luigi Moretti para ser um parque de ode ao Fascismo, representado por seu mentor Benito Mussolini.



O Foro Italiano fica a 6 km da Praça São Pedro, no Vaticano. Uma hora de caminhada às margens do Rio Tevere (ou Tibre) leva a esse local carregado de energias: a pesada do sistema ditatorial representado e a gloriosa das conquistas olímpicas também ali protagonizadas. Na Ponte Duca D’Aosta, motivos militares decoram os pilares, que logo perdem espaço para um verdadeiro obelisco em homenagem a Mussolini. Teu nome está grifado, de cima para baixo, no enorme pilar. A partir deste ponto, são 200 metros de calçadas ilustradas por mosaicos que associam a vitória esportiva à força militar fascista, que foi uma espécie de nazismo italiano e, assim como a ideia de Hitler, sucumbiu na Segunda Guerra Mundial.



Mas a frieza não é a única a ter presença garantida. O Foro Mussolini foi o principal centro de eventos das Olimpíadas de 1960 e essa História também está marcada. Faz lembrar o etíope Abebe Bikila, campeão da maratona correndo descalço e primeiro atleta africano a conquistar uma medalha de ouro. Remete a Cassius Clay, pugilista norte-americano que, naqueles jogos, subiu no lugar mais alto do pódio na categoria meio-pesado. Quatro anos mais tarde, converteu-se ao islamismo e passou a ser Muhammad Ali.



A paz semeada por esses homens está eternizada na aura dos cinco anéis prateados, fixados nos prédios sóbrios, cor de barro. A maioria é usada por setores administrativos do Comitê Olímpico Italiano. Outros foram ocupados pela RAI, principal emissora de televisão do país, estabelecida no local para facilitar as transmissões a partir do Estádio Olímpico, monumento mais suntuoso do Foro e casa dos principais times da cidade: Roma e Lazio. Em um dos muros, aliás, encontrei a pichação da Ultras Lazio, torcida organizada neonazista conhecida por gestos racistas, como imitar macacos para agredir jogadores negros ou com origem africana. Nos arredores, ao sul do estádio, fica a quadra de tênis onde são disputadas as principais competições do país e o Aberto de Roma.



Pode não estar na capa dos guias nem nos cartazes das agências de turismo, mas o Foro Mussolini (Italiano) merece a visita!


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Altitude: de Cuzco a Huaraz, a lição da natureza peruana

Fernando Torres (Jornalista)

Separadas por dois anos, minhas experiências com altitude no Peru foram distintas. Dos efeitos devastadores do soroche ao trekking mais difícil desses meus 28 anos, a natureza e os peruanos me deram uma série de lições.


Em janeiro de 2010, a missão Peru chegou a Cuzco após 23 horas de ônibus – Cruz del Sur, excelente empresa – desde a Lima, que fica a nível do mar. Chegando à antiga capital do Império Inca, localizada a 3.400 metros de altitude, fui recepcionado com um bule cheio de chá de coca. Tomei duas xícaras e acreditei que já estivesse pronto para tudo. No mesmo dia, fiz caminhadas pela cidade e comi muito – a mesma quantidade do cotidiano, no Rio de Janeiro – para aproveitar a incrível culinária cuzqueña.


Teve de tudo nas refeições. No jantar anterior à viagem de trem até Águas Calientes (último povoado antes de Machu Picchu), ainda ousei, experimentando uma panqueca deliciosa de doce de leite. Veio o dia seguinte e o corpo cobrou a conta. Diarreia fulminante, que só foi minimizada por muitas doses de Electroral, soro pediátrico comprado nas farmácias de Cuzco. Foram duas noites infernais, com direito à febre de 40 graus, na madrugada de Águas Calientes. Depois de litros de Electroral, Gatorade e um pedido especial aos deuses Inca, fui “abençoado” com uma melhora que permitiu curtir ao máximo na cidade de Machu Picchu.



O detalhe importante é que ignorei as informações dos guias turísticos e as conversas que tive com os peruanos, ainda em Lima, sobre as estratégias para escapar do soroche (mal da altitude). Uma vez acima dos 2.000 metros, há duas dicas fundamentais. Um: use o primeiro dia para descansar e dar ao corpo a chance de se adaptar ao ar rarefeito, que tem o nível de oxigênio reduzido. Dois: coma um terço do que está acostumado, pois o metabolismo também é prejudicado pela altitude. Assim, se o indivíduo fica empanturrado, como eu fiquei, o organismo não dá conta. Aí, três litros de Electroral serão só o começo.



Com esse aprendizado na mente, voltei ao Peru, em maio de 2012, para explorar Huaraz, cidade ao Norte de Lima que pode ser considerada o principal point do trekking e montanhismo no país. Está no alto dos 3.000 metros e é “só a base” para as atrações mais altas do entorno. Escaldado depois da diarreia de 2010, investi o primeiro dia no repouso. Após 8h de viagem desde Lima, mais uma vez com a Cruz del Sur, andei um pouco pelas ruas inclinadas, contratei o transporte para as aventuras dos dois próximos dias e fiquei no albergue La Cabaña descansando, respirando fundo e pedindo desculpas antecipadas às minha pernas. Almocei uma truta grelhada com legumes e, à noite, tomei um Gatorade. E só. Por mais que as sobremesas foram tentadoras...



Manhã iniciada e parti ao Nevado Pastoruri, um glaciar que está desaparecendo (soma de mudança climática com lixo produzido pelos visitantes desrespeitosos) e prestes a deixar órfã a Cordillera Blanca, uma cadeia de montanhas decoradas por gelo + neve. Até os 4.500 metros de altitude, cheguei na van. Os outros 500 metros acima do nível do mar teriam que ser completados com 1,5 km de caminhada. Masquei cinco folhas de coca e iniciei a subida. A cada 10 minutos, uma parada para 15 inspiradas profundas, lembrando aos pulmões que ainda existia oxigênio no ambiente. Um gole na água ou no Gatorade e, com outras quatro escalas semelhantes, a meta foi alcançada. Na volta, almoço com uma sopa de truta. Energética, leve e gostosa.



Noite de sono agradável e, às 6h do outro dia, levantei com o Lago 69 na cabeça. A previsão era de 18 km de trekking (9 km cada perna) acima dos 4.200 metros de altitude. Antes de chegar ao ponto de partida da caminhada, passei de van pelo Llanganuco, lindo lago aos pés do Huascarán, maior pico do Peru, com 6.768 metros.



Pés, literalmente, na estrada e o sonho 69 foi iniciado. Reforçado pelo café da manhã (dois pães e uma xícara de chá de coca), rumei à primeira parte do trekking, com uma hora e meia de caminhada pelos campos. A montanha surgiu e, no mesmo pacote, subidas íngremes por uma trilha de pedra e cascalho solto. Passadas duas horas, a já íntima altitude colocou as mangas de fora. O ar entrava queimando as narinas num ciclo crescente. A força das pernas não rendia como 2 km atrás.



O perrengue de Cuzco veio à mente e lembrei que o respeito aos limites e à supremacia da natureza deveria ser a prioridade. Não desisti, mas optei por pausas fundamentais para superar a fase do montanhismo e o efeito do falso pico: você aposta que vai achar o que procura no alto do monte que está subindo, mas quando chega no fim deste, vê que era apenas uma parte do desafio e muito ainda está por vir.




Quatro horas e meia e 9 km depois, o Lago 69 brindou meus olhos com uma paisagem, no mínimo, impressionante. Os azuis da água, mais fortes e imponentes do que o azul do céu, emolduram a montanha e os glaciares, que alimentam o próprio lago através de cachoeiras filhas do derretimento normal e cíclico dos blocos de gelo eterno. O retorno me consumiu duas horas e meia e toda a energia que restava nas pernas. Satisfeito com meu desempenho, exausto e torrado pelos raios solares amplificados, aprendi na marra que respeitar a altitude e seus efeitos é a melhor opção para o corpo. E a mente.



Publicado, originalmente, no Blog Sem Destino.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Oração do Árbitro de Futebol

Curiosidade encontrada no vestiário do Estádio do Fortaleza, na cidade de mesmo nome, no Ceará:

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Rock in Rio 4 - Eu fui e me fudi

É incrível como o Rock in Rio apresenta, num microcosmo, elementos do cotidiano carioca. No primeiro sábado (24/09), fui ao festival. Levei 90 minutos para chegar de ônibus. Na chegada, 15 ambulantes cercaram a porta do busão, querendo vender camisas, capas de chuva, alma... Lá dentro, fila até pra pensar. Uma hora depois de entrar fui assaltado por uma quadrilha que entrou preparada pra isso. Dois caras vieram e, fingindo embriaguez, se jogaram em cima de mim. Com a câmera travada na calça, fui jogado pra frente. Neste momento, um terceiro arrancou o equipamento e correu. Sem ação contra três FDP, tentei reaver, mas já era... Segurança? Só se for na área VIP.

Os shows começaram e os empurrões eram cortesia da casa. Apresentações muito legais. Destaque para o porradão do Stone Sour e a performance, inacreditavelmente, foda e perfeita do Red Hot Chili Peppers. Entre tentativas de socos, desidratação e fadiga muscular, tivemos a sorte de, às vezes, compartilharmos as músicas com algumas pessoas educadas ao redor. Rock in Rio: roubado, esculachado, mau tratado, empurrado, socado e ignorado. Dois detalhes apavorantes: paguei caro pra isso e vou de novo no dia 1º.

Ah, essa imagem aí, por enquanto, é a minha lembrança fotográfica do Rock in Rio...